Thursday, February 08, 2007

Amor? Formato? Mínimo?





Ele esperou ansiosamente por um telefonema, por um e-mail, por uma notícia. Mas nada recebeu além do silêncio. Tantas dúvidas surgiam em sua cabeça, algumas fantasiosas, já outras mais realistas, mas a única coisa que ele realmente queria saber era: Onde estava a jovem que o fez perder os sentidos? Já haviam se passados dois dias inteiros e nenhuma informação! Mesmo que ela não quisesse vê-lo, desejava apreciar seu rosto apenas mais uma vez e se tivesse sorte, ter seu beijo novamente roubado. No terceiro dia, havia um e-mail em sua caixa de entrada que o impossibilitou de esconder seu sorriso durante a aula de informática, mas não contou nada nem para o seu melhor amigo. No mesmo dia, por uma conversa “on line”, trocaram alguns elogios, gostos de filmes, livros preferidos, sabores de sorvetes e destinos de vida.

- Branco ou preto?
- Meio amargo.
- Ainda prefiro o branco.Sei la. Sinto que sempre mais atraído por substâncias que engordam mais.
- Branco engorda mais?
- Acho que sim. Li em algum lugar. Mas fique tranquila, vou comprar um meio-amargo para você.
- Ah Obrigada! De qualquer forma levo para comer na viagem.
- Viagem?
- Sim. Não te falei? Estou me mudando.
- De cidade?
- Não! De país. Estou indo dia 30, mas hoje já vou para Bê-a-gá.
- Fazer o que? E quando volta? 
- Vou pra estudar. São 3 anos. Preciso organizar minha documentação, meu passaporte, por isso estou indo a capital, mas volto aqui antes de ir embora definitivamente.
- Eu preciso te ver antes de você ir, para ao menos pode me despedir de uma maneira mais digna. 
- Sinceramente, é o que eu mais quero também.
A conversa foi encerrada frases depois. Precisavam ambos sair. Como alguém que ele mal conhecia, poderia fazer falta antes mesmo de partir? Tudo que ele mais queria era sentir tudo conservar aquilo no peito, mas nem sabia dar um nome para aquilo! Estava enfeitiçado pelo seu sorriso e ainda podia sentir o cheiro dela, mas tinha medo de esquecer seu rosto. Esperou uns dias, na dúvida se já havia voltado. Não queria incomoda-lá. Sabia que ela precisava ajeitar muitas coisas antes de ir, mas precisava vê-la! Fez uns cálculos, se 30 seria domingo, ligaria pra ela na sexta.
Quinta-feira, nublado, apesar de ser uma cidade quente, aquele dia estava relativamente frio. Sentiu uma vontade repentina de telefonara, mas o sentimento de medo segurava seus dedos. Quando menos percebeu já estava arriscando.
- Que saudades! Pensei que hoje era uma quinta e como nos conhecemos numa quinta assim, imaginei que pudesse querer sair. Já é quase dia 30.
- É... Mas estou indo daqui a pouco.
- Mas ainda é dia 27?
- Eu sei. É que vou voltar pra capital hoje. O Voo sai de lá. Podemos ainda nos ver?
Parou o filme pela metade. Não quis nem saber se o Noah conseguiria ficar com Allie. Desmarcou o dentista, simulou algumas tosses pelo telefone. Desligou o celular, não sabia mentir para os amigos. Tremia e não sabia o porque, só sabia que não foi de frio que tremeu quando a conheceu. Penteou o cabelo fio a fio no lugar, vestiu sua melhor camisa e não economizou em seu perfume. Ele ansioso estava lá, na hora e no local marcado. Já ela? Nunca apareceu. Ela saiu de sua vida com o mesmo sabor de mágica da noite em que haviam se conhecido. Saiu e não mais voltou de sua vida de cor amarela. (Vinícius D'Ávila)
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