Thursday, March 29, 2007

Crise dos 20 anos



Mesmo que eu tentasse não lembrar, não conseguiria, pois os votos de felicidades a todos os momentos recebidos me lembravam. Mesmo se eu quisesse esquecer, não esqueceria. Foram 20 anos. Acho que o “Poxa vida! Vinte anos?!” exclamados por meu pai com tom de pergunta retórica, ao me acordar, me envelheceram mais uns dois anos. Pensava eu que a crise só chegava aos quarenta, ou na pior das hipóteses aos 30. Talvez seja porque demorei perceber que se tratava dos meus. Em um primeiro momento juro que acreditei que era de outra pessoa que falavam quando o assunto era “comemoração de 20 anos de idade”. Não me identifiquei com o personagem. Talvez porque eu pensei que seria pra sempre adolescente ou talvez porque quando criança acreditava que com meus vinte anos já teria muitos projetos de vidas e decisões tomadas, mas hoje me vejo perdido em um mundo de incertezas!
Foi no meio de um bar! Quando uma bela voz, que até então apenas animava o local, se dirigiu a mim com sinceros votos de parabéns. Mas não foram eles que me fizeram pensar, foi o “daqui pra frente passa muito mais rápido” que acompanhou o “felicidades”.
Mais rápido? Mas já não havia aumentado a velocidade aos quinze? Aumenta a cada cinco anos? Aumentará novamente aos vinte e cinco?
Parece crise de pessoa supérflua, mas não é. Tanto faz rápido, tanto fez devagar, o tempo passou! Meu amigo me disse que daqui pra frente meus cabelos vão começar a cair. Minha professora me falava que é mais fácil aprender quando mais jovem, pois quanto mais velhos ficamos, mais temos dificuldade de memorizar. Outro amigo alertava-me que era essa idade pra se conseguir um bom corpo malhando, depois complicaria tudo. Não que hoje eu esteja muito mais velho que ontem, mas é como se agora minha idade fizesse muito mais diferença. Fosse um marco de uma mudança. Falar 20 anos, pesa até no tom de voz. Acredito que ainda estou longe de ser chamado de velho, mesmo que de fato ninguém deva ser chamado assim. Há jovens com cabeças de velhos, velhos com vidas de jovens e gente sem cabeça ou sem vida alguma. Talvez por isso a idade não seja medida apenas por velas de aniversários ou primaveras vividas. Acredito também que ainda estou longe de ser chamado de velho, mas a mulher do caixa ainda insiste em me chamar de senhor. Eu devo ter idade pra ser filho dela. Tudo bem. Sobrinho. Mas um sobrinho agora com 20 anos de idade.(Vinícius DÁvila)
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