Era seu primeiro dia dos namorados. Até então ele passou a vida ajudando seus amigos a comprarem seus presentes e prepararem suas mensagens. Agora era o dele. E apesar daquele sentimento bom que sentia devido ao dia que se aproximava, havia algo que sempre o incomodava. Todas as vezes que alguém dizia “É que no meu último namoro...” ou “Depois que terminamos...”, ele olhava com cara de assustado para a amada. Ele imaginava aqueles casais fazendo juras eternas e hoje sentados numa mesa de bar falando tudo no tempo passado. Essa confusão de planos futuros que não se concretizavam o afetava. Mas principalmente, fins de relacionamento. Pois ele não estava muito acostumado com isso.Nunca havia passado por isso. Não com fins, afinal fim foi o que ele mais vivia em toda sua vida, pois as coisas sempre se encerravam muito rápido, mas sem dar tempo de chamar tudo aqui de relacionamento. R.e.l.a.c.i.o.n.a.m.e.n.t.o. Era isso o novo. E uma pergunta sempre era feita quando ele ouvia a palavra fim. “E quanto tempo durou?”. E apesar da rotineira pergunta, as respostas que ele ouvia eram diferentes. “2 meses”, “3 anos”, “7 meses”, “1 ano, 4 meses e 5 dias”. Ele não possui uma história de amor pra contar. Aquela era a primeira e única. Ele só tinha histórias rápidas e na maioria (ou todas) as vezes sem nenhum amor. Agora ele escrevia a história dele com ela. Já ela não gostava da cara dele de assustado pra todas as idéias de fim. Ela tentava explicar que histórias de amor não seguem regra, mas ele simplesmente não consegui entender.

E ele voltava pra casa, ainda pensativo no dia seguinte que seria o primeiro dia deles. O sorriso no rosto dele entregava toda felicidade que ele sentia. O sorriso intercalava com expressões de preocupação sempre quando lembrava dos fins alheios. Mas de repente ele parou. E abriu o mais longo sorriso que já tinha dado. Havia um casal de velhinhos de mãos dadas atravessando a rua. Ele percebeu que cada um era o autor de sua própria história. E que poderia passar o resto da sua vida ao lado dela, mas mesmo assim, ainda seria pouco tempo. (Vinícius D'Ávila)