Friday, November 28, 2008

Hipocrisia Dentro de Uma Caixa de Fósforo




Muitos e muitos anos atrás. Numa época em que as pessoa já se reuniam em comunidades, não tão grandes para serem chamadas de cidades e nem tão pequenas para serem chamadas de vilas. Muitos e muitos anos, mas não tantos, pois já havia transporte coletivo e grande espera por eles. Mas pra ser bem sincero num local e numa época que eu nem sei se realmente existiu.


A espera daquele transporte coletivo haviam 27 pessoas, um daqueles transporte coletivos que pareciam caixas de fósforos. E o problema é que tal caixa de fósforo só poderia levar 23 pessoas sentadas, o restante, ou seja, 4 pessoas teriam que ir em pé. Entre aqueles 27 seres apressados estava uma prostituta (Sim! Até nas épocas que nem existiram existia prostituta), que todos sabiam que ela era, não pelas suas vestimentas ou jeito de falar, porque ela era igual as outras 26, mas pelo que já escutaram alguém dizer. E diferente das outras viagens, naquele dia viajaram 5 pessoas em pé e a prostituta com um banco vazio e frio ao lado. Ela tentou nem notar ou não dar importância naquele fato, mas a inquietação gerada pelos outros passageiros tornaram a cena angustiante. Não precisavam conversar ou comprimenta-la, sentar ao lado abraçados, naquele momento ela só precisava que alguém sentasse ao lado dela, para que assim ela deixasse de ser motivo do tumulto. Poderiam pensar que as 5 pessoas preferiram viajar em pé, mas como o lugar desocupado era ao lado daquela infeliz prostituta não havia duvida do motivo. E foi nesse momento que um dos passageiros comoeçou a discursar. Falou das diferenças entre as pessoas e de ama-las assim como são. Falou de como a sociedade era doente e como iam acabar se matando naquela falta de compreensão. Falou da paciência, de Deus e dos menos favorecidos. Falou de mudança. Falou, falou e falou. E de todos os discursos que já ouvi, seria um dos que mais me comoveria em toda minha vida. Seria. Se o mesmo que discursou, não fosse um dos passageiros que preferiu viajar em pé.

Moral da história I: É fácil ter paciência com um ladrão que rouba a casa do vizinho. Difícil é ter com o que roubar a sua casa.
Moral da história II: Precisariamos viver mais de uma vez, para entendermos que todos, eu disse todos, são diferentes.
Moral da história III: Quando se é prostituta, tem mais chances de conseguir um banco (extra) vazio pra dormir, ou não.

(Vinícius D'Ávila)

obs.: O intuito desse texto não é apoiar e nem criticar prostitutas. O intuito deste texto é mostrar a hipocrisia.
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Monday, November 24, 2008

Minha Metade Otimista



Eu sempre tive a sorte de encontrar pessoas em minha vida que me dissessem a importância de ser otimista. O problema é que eu nunca dei muita atenção a isso. Um de meus amigos que eu sempre contava alguns de meus muitos problemas me dizia: “Pensando positivo tudo pode mudar.” E eu tinha uma amiga que acreditava que o carro na foto do papel de parede de seu computador um dia seria dela. Bastava ela desejar. E uma professora que foi uma das primeiras a afirmar: “Tudo aquilo que acontece em sua vida, é conseqüência do que um dia você desejou.” E após ouvir cada uma dessas afirmações eu jurava que iria testar, mas acabava me esquecendo no outro dia.
Mas foi sentado numa praça que alguns de meus conceitos mudaram. Era sexta-feira eu precisava acordar cedo no outro dia. Eu e mais dois amigos esperávamos outros dois amigos terminarem de conversar sentados num banco da praça central, pra podermos ir assim embora para casa. Eu todo concentrado com meu celular novo, ou melhor, o antigo celular de meu pai que agora era meu – não percebi que uma pessoa se aproximava. Quando o percebi não deu tempo de quase nada, pois antes que eu escondesse meu precioso novo celular ele já havia começado a falar. E a principio falou coisas ilógicas, sem sentido. Falou da água da fonte, de praças e de sapateiro. Ou ele estava bêbado, ou drogado, ou ia nos assaltar – ou então os 3 juntos – pensava eu. Mal sabia eu que duas frases das muitas – muitas mesmos – que ele diria, iriam me fazer pensar por no mínimo alguns dias. Não sei se eu era o único prestando atenção, ou eu era o único perto o bastante para ser atingindo pelas gotas de cuspe que ele insistia em soltar ao falar – sim, eu escapei da maioria, quem já teve professor que falava dessa maneira, aprende técnicas de escapatórias incríveis e úteis pra vida toda. De fato, mas parecia que o que ele dizia, estava ali pra dizer para mim. Foi quando um sexto amigo meu chegou e cumprimentou a todos – exceto o visitante. Ele fez uma pausa no seu discurso sobre o Obama e disse num tom de ironia “Um dia quando eu for bonito ou importante, talvez ele me enxergue.” Essa foi a primeira fase que me fez pensar.
Depois continuou declamando algumas palavras em inglês e de como ele adorava ir de penetra em coquetéis e comer todos os salgadinhos possíveis e de como um negro conseguiu ser presidente nos EUA – acreditando – Foi ai que ele nos pediu que fechássemos os olhos – sei que pode parecer ridículo mas quando ele pediu isso pensei em duas hipóteses. Na primeira um caminhão cheio de prêmios chegaria buzinando naquela praça com Luciano Huck do lado dizendo que tudo se tratava de uma brincadeira do programa dele e que estávamos ricos, na segunda que ele puxaria meu celular e sairia correndo. Mas ele não pediu apenas pra fecharmos os olhos, pediu pra fecharmos e fazermos três desejos. Percebi que nenhum dos meus amigos fechou – um nem fechou nem desejou, o outro fechou sem desejar,o restante não prestava atenção na conversa – e resolvi então fechar. Como meu celular não foi puxado e não ouvi nenhum caminhão buzinando resolvi então desejar.
Desejei três desejos silenciosamente e sem muito acreditar, mas com pontas de esperança. Desejei a pedido de uma pessoa que eu não sei o nome e nunca havia visto. Desejei mesmo que nenhum de meus amigos acreditassem. Então abri os olhos para ouvir a segunda frase que me maçaria. “Desejou? Pois todos os seus desejos serão realizados” e simplesmente foi embora. E posso ter me tornado utópico, mas agora eu acredito na tal lei da atração. Pois não-acreditar é o primeiro passa pra tornar nossos desejos em impossiveis.
(Vinícius D'Ávila)
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Thursday, November 13, 2008

Minha Metate Pessimista




Eu sempre tive uma ligação maior com o cinema. Enquanto meu irmão mais velho sempre preferia jogos de futebol e o irmão mais novo preferia música, eu sempre amei cinema. E dentro de mim eu tinha uma certeza vazia de que iria trabalhar com isso, mas nunca imaginava por onde começar. E uma parte de mim temia que eu acabasse trabalhando em um banco ou funcionário público. Era horrível ter que explicar que eu não queria ser ator, mas queria trabalhar no cinema. Eu dizia diretor, mesmo não sabendo o que um diretor fazia. Nem sabia que havia faculdade de cinema e quando pequeno achava que só existiam três opções: odonto, direito e medicina. Mas mesmo assim comecei fazendo meus pequenos roteiros com as "surpresinhas" de kinder ovo para um único espectador – meu irmão mais novo – com a condição que depois eu assistisse as histórias dele. E o engraçado é que qualquer filme que eu visse eu acreditava que era real. Dentro de mim ficava uma parte do filme.

Depois de Toy story eu voltava correndo para ver se ainda via meus brinquedos se mexendo e depois do Show de Truman eu passei boa parte da minha vida acreditando era filmado. Mas eu acreditava fielmente. Eu imaginava os traillers, as músicas, para cada momento que eu vivia. Em certos momentos até andei mais devagar, pois achei que os momentos exigiam uma câmera lenta. [riem] Mas aos poucos fui acostumando com a idéia de que não teria tempo nem disposição para realizar todos os meus sonhos. Passei a entender que talvez sonhos sejam apenas um motivo pra nos mantermos vivos. E é ai que morremos, quando já realizamos todos eles... Ou quando percebemos que não temos mais forças pra realizá-los. Reparem no número de vezes que falo sobre a morte, sobre sonhos e sobre o amor. São basicamente os únicos 3 assuntos que escrevo – se aceitarmos que amizade não deixa de ser uma outra forma de amor. Hoje eu descobri que a vida é separada em 3 fases. A primeira que acreditamos em tudo e imaginamos tudo. Que sonhamos em ser jogador de futebol, dono de hotel e piloto de avião. A segunda é a que temos força. Levantamos cedo, dormimos tarde, bebemos muito e ainda queremos mudar o mundo. Planejamos também, mas agora com mais detalhes como ir ao trabalho de helicóptero. A terceira fase é a que nos conformamos. Algumas pessoas preferem dividir entre infância, juventude e maturidade. Eu tenho a minha divisão. E na próxima vida vou pedir pra me acordarem antes que todos os planos sejam esquecidos. Ou as três fases estejam ligadas a outras três divisões. A fase de sonhar, a de amar e a de morrer, não necessariamente nessa ordem. Pois o problema não está em acreditar que sua vida é ficção, mas é um dia perceber que nada disso é realidade. O problema é um dia ter que arrancar todos os poemas das paredes por eles já não emocionarem mais ninguém. E o que mais incomoda aos outros é minha mania de comparação. Talvez não seja uma mania de imitar apenas os filmes, mas de me comparar a eles e a tudo. Pontos de referencias. Exemplos de como eu deveria ser. Talvez minha vida seja uma analogia. E amar seja como comer bolo, sonhar como dirigir e morrer como dormir – ao menos pra mim. Pois bolo de chocolate para mim é assim, passo uma semana pedindo pelo famoso bolo de chocolate e quando pronto, fecho os olhos em cada mordida, não me importando com os farelos que caem no chão nem com os gritos que receberei depois, pois cada pedaço faz valer a pena cada grito. Pois dirigir para mim é assim, é tão fácil ver os outros fazendo, e fazendo várias outras coisas ao mesmo tempo, enquanto diante de mim é como se houvesse uma barreira inexplicável. Pois para mim dormir é assim, fechar os olhos sem saber o que nos espera depois.

(Vinícius D´Ávila)
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