Thursday, December 24, 2009

Faltam algumas horas pro natal e eu resolvi escrever pra você!



Obrigado. Hoje o meu céu está com mais estrelas e não é porque as nuvens foram embora, é porque você está aqui, ao meu lado, segurando a minha mão enquanto eu falava que estava com dor. Eu paro na frente do espelho tentando ver o brilho que você fala que vê em mim. Você sempre disse que eu sou radiante, mas eu acho que me tornei quando te conheci, quando você disse isso para mim. Sabe? Quando você diz tanto alguma coisa e essa coisa se torna real. Te conheço tem tanto tempo e agora você faz parte de minha vida de um jeito diferente, não pra curar feridas ou tampar buracos, mas para somar o que não havia sido vivido. Pelo amanhã que pode ser ainda mais belo e pelos apelidos que ainda nem inventamos. Sabe, já ouvi nossa música 78 vezes e pretendo ouvir mais. Ela tem feito minhas manhãs melhores e você minhas noites. Obrigado por me colocar em seus pedidos de estrelas cadentes. Eu achei que estava morto antes de você chegar aqui, mas acordei ao ouvir sua voz e percebi que a vida pode ser cruel sim, mas para recomeçar é necessário nos permitir. Que o que eu sinto hoje cresça cada vez mais.
...
- Abra as mãos e abra os olhos.
- Não seria feche os olhos?
- Não! Abra. E olhe pro céu.
- Sim?!
- Está vendo aquelas três estrelas juntas?
- Sim.
- São as três Marias.
- Hum.
- Estou te dando a do meio.
E naquele instante fechou as mãos como se a estrela estivesse mesmo ali. Ele não podia toca-la, mas podia senti-la. E sentiu imensamente feliz como se fosse o brilho daquela estrela. Nunca havia ganhado estrelas. E não tinha nenhuma pra dar em troca. Era o primeiro natal compartilhado, ainda que não desse valor a coisas materiais, não queria retribuir apenas com abraços. Olhou as gavetas a procura de algo que brilhasse tanto, mas não lhe restava nada, nem moedas.
E aquele destino que as vezes chamamos de sorte o fez encontrar uma nota em uma calça já usada. Correu numa loja de animais e comprou um peixe.
- Tome. É seu.
- Ele é lindo.
- Se chama estrela.
Ele deu a estrela que no momento poderia dar, ainda que não fosse o esperado, era o seu melhor.
- Que o peixe cresça como o que eu sinto aqui dentro.
- Mas e se os peixes morrerem?
- Compramos outro.
E saíram dali deixando um rio com mais estrelas e um céu com mais peixes.
(Vinícius D'Ávila)
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Thursday, December 17, 2009

Mas Quem Vai Dizer Adeus?


Eles se conheceram em uma tempestade e passaram tanto tempo juntos que a maioria das pessoas haviam se esquecido que eles eram duas pessoas e não uma. A história deles havia virado letra de música, enredo de filme, capa de caderno.

No dia do aniversário dela, ele se desesperou. Havia gastado todo o dinheiro que tinha e não sabia o que dar pra ela. E mesmo se tivesse não queria dar coisas usáveis e descartáveis. Bombons que seriam comidos ou algo que desaparecesse no tempo. Procurou entre seus pertences, algo que tinha de valioso. Algo que não fosse apenas dele, mas que fosse parte dele também. Revirou os cadernos antigos, as gavetas que não eram diariamente abertas, a caixa velha de sapato, até que dentro de um potinho no guarda roupa, achou uma moeda antiga. Seu avô havia lhe dado quando ele era mais novo, uns 11 ou 12 anos. E ele lembra perfeitamente do que o avô havia lhe dito. “Atualmente ela não vale nada, mas um dia ela vai valer muito.” Ele não entendeu as palavras de seu avô. Achou que um dia ficaria rico com aquela moeda, e guardou cuidadosamente pra quando chegasse esse dia. Depois perguntaria ao avô mais detalhes de como isso aconteceria. Mas seu avô morreu dias depois e a moeda foi esquecida no potinho do guarda-roupa. Agora estava ele ali, segurando aquela moeda como se fosse parte dele. Era isso: a moeda. Embrulhou em um papel bonito, com um laço bonito, de cores bonitas. E levou.

Ao entregar a moeda ela abriu um sorriso, mas não entendeu muito bem o significado daquilo, mas ao ler o bilhete se sentiu especial. “Ë o que eu tenho mais de importante”. E enquanto beijava ela, ele pensou em como seu avô era sábio. A moeda um dia realmente iria valer muito, e hoje vale. Vale muito pra eles dois.

E sabe o que é o bonito dessa história? É que os dois se separaram algum tempo depois. Pra ser mais exato 3 meses depois. Quebraram o laço quando se totalizaria dois anos. Só que apesar de doloroso, foi pacifico. Não foi aqueles fins de cartas queimadas e fotos rasgadas. Eles não saíram falando mal um do outro, e nem apagaram da memória o que viveram. Acabou da mesma forma que começou. De repente. Claro que choraram por algumas vezes, e discutiram por bobeira alguns dias. Mas se tornaram amigos, porém por mais que eles tentaram, acabaram também se afastando, quase nunca mais conversaram, nunca souberam o nome do primeiro filho de cada. Se fossem juntos, seria Alice, mas separados, nunca souberam. Mas intimamente um lembrava do outro nos detalhes. Como toda vez que chovia ou passava uma bicicleta azul.

E sabe o que pode ser ainda mais bonito? Ela pra sempre guardou a moeda. E ele, sem nunca perguntar, sempre soube disso. (Vinícius D'Ávila)


Obs.: Um beijo com sabor de cheedar em seu coração. Obrigado por ter me acompanhado até aqui.

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