Saturday, June 25, 2011

30 Dias Comigo





"Ainda creio que você, quando eu menos esperar, possa me chegar com um verso em atitude."
(Fernanda Young)

Se a principio você me propôs como divertimento, eu aceitei brincando de dizer verdades.
Você queria um namorado por 30 dias e logo eu que te conhecia a apenas 2, iria recusar te ter por mais 30?
Eu não sei explicar, mas gostei de você gratuitamente.
Enquanto você estava se curando lentamente das dores do seu ultimo romance e aprendia novamente a ser um, eu por muito tempo não sabia mais o que era ser de alguém.
E eu aceitei não por estar incrivelmente encantado, mas porque eu também já estava calejado pela finitude dos amores. Se por um lado seria mais fácil já sabermos quando nos separaríamos, por outro lado soava tão desesperançoso iniciar um romance com prazo de validade, com data e hora de ir embora. Eu me perguntava se tirar todo o mistério do fim não acabaria simultaneamente com o prazer do começo. Mas não havia tempo para perguntas, só possuíamos 30 dias.
Um namoro de 30 dias que antecederia o dia dos namorados. Era isso que você buscava, ser feliz por 30 dias e antes do meloso 12 de junho já estaríamos novamente sós. Sem presentes, sem declarações, sem medo de perder porque nunca seriamos definitivamente um do outro.
Posso te contar um segredo? Talvez você nunca saiba o que eu senti quando me apresentou como seu namorado e talvez você nunca acredite que eu sorri naqueles dias não pra transparecer simpatia, mas era porque minha felicidade tinha transbordado eu era incapaz de esconde-la por de trás de meus lábios.
Não levava a sério, ou ao menos tentava não levar. Tentava fazer como você e brincar de amor, brincar com esse seu amor de sotaque carregado em que o r não parecia ter fim. Mas eu só sabia brincar de ser seu amor, porque eu não mais sabia brincar de pedir pra ficar mais. Não conseguia ser mais Leoni, agora que eu já gostava mais de mim. Você não tinha noção de como os anos haviam me endurecido.
Mas no fundo eu sempre quis saber porque só 30 dias? Se era pra não dar tempo de descobrirmos os defeitos um do outro ou se era para quando terminássemos ainda houvesse tempo de voltarmos a ser inteiros. O fato é que 30 talvez fosse o número de dias máximo que nos aguentaríamos com nosso amor de brincadeira.
Te enviei infinitas frases de filmes e letras de músicas até entender que o que intensificava o significado das palavras não era o momento em que elas eram ditas e nem a ordem em que elas eram colocadas e sim a boca por qual elas saiam. Eu nunca seria o seu ex, então qualquer letra sem melodia dita por mim não soaria diferente de um bom dia. Precisei de exatos 30 dias para entender.
E já no último dia nos encontramos pela última vez, sem que soubéssemos que no dia seguinte você retornaria com seu ex e eu conheceria a mulher com quem eu me casaria.
Mas o interessante dessa história não foi que repentinamente nos apaixonamos e fomos viver juntos algum amor avassalador, o interessante dessa história é que ela só se iniciou pra termos juntos dias bons sem fins trágicos, já que não havia sentimentos pra lágrimas e a despedida já era algo pré-determinado.
Foi então, ainda que sem lágrimas, eu me despedi com a frase mais triste que eu disse ou um dia poderia te dizer na quele dia:
- Feliz últimas duas horas comigo.
E enquanto eu desejava introspectivamente que tivéssemos tido um maio mais longo você me devolveu em uma frase ainda mais triste.
- Feliz dia dos namorados sem mim.
(Vinícius D'Ávila)
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