Monday, December 28, 2015

Janaína



O pedido de namoro foi a escolha do vestibular seguido dos cinco anos de graduação.
Nos casamos. Sem cerimonia, sem bombons, sem pedidos oficiais, sem alianças. A entrada da igreja foi substituida pela correria da rodoviaria até o ponto de onibus, e se o destino nos mandou novamente para o mesmo lugar, o "sim" foi a ideia de morarmos juntos.

Conseguimos em um ano e meio ficarmos mais próximos do que cinco anos permitiram. E percebi o quanto você me complementou nesse tempo todo e eu vou embora sem saber se fui capaz de retribuir.
Porque você não apenas ouvia pacientemente minhas histórias, como vivia junto comigo todas elas, tentando curar meu coração partido (que já deveria ser maduro) com a melhor parmegiana que eu um dia comi.
Porque eu ficava gritando na porta do seu quarto, até mesmo fim de semana, "ai que saudade de Janaina" só pra fazer você acordar.
Porque você me fez gostar mais de cebola, enquanto eu te fiz assistir mais novelas,
Porque você me abraçava com seus abraços de Felícia e foi ele meu presente em todas as datas comemorativas já criadas.
Porque você nunca me deixou só, mesmo quando sua companhia era para voltar a faculdade a noite só para conferir se a luz ficou acessa.
Porque eu já estourei ovo no microondas, coloquei oleo na salada achando que era azeite, molhei a casa toda com a agua da maquina de lavar, fiz a gente tomar gelatina achando que era suco, queimei o frango tentando fazer strogonoff, te acordei de madrugada achando que tinha visto um cachorro na sala e mesmo assim continuou gostando de mim.

Porque poderíamos nos irritar com a convivência, mas optamos por nos amarmos mais.

E agora com o fim, chega também o divorcio. E por mais que nosso casamento seja uma metafora para exemplificar esse tempo que moramos juntos, a saudade é real.

Porque daqui algum tempo eu vou gritar "ai que saudade de Janaina" e você nao vai sair do quarto. E a saudade não vai passar.

Te amo.