Friday, January 22, 2016

Simer




Como se ainda fosse 2007 e nos preparássemos para o ano novo como a festa de nossas vidas. E me ensinasse o caminho do seu lanche favorito, a gostar mais de tênis branco, a ouvir mais Nenhum de Nós, a apreciar mais a cor azul.

Como se ainda fosse 2008 e não tivéssemos preguiça de sair, nem medo de voltar. E o caminho de volta para casa fosse a melhor parte de ter saído. Porque foi em passos curtos que construímos isso que a gente não entende, mas que o tempo também não conseguiu destruir. Como se fossemos grandes empresários quando resolvíamos fazer pequenas festas, como se fossemos de algum fã clube, comparecendo religiosamente em todos "Tons da Terça", como se não conhecêssemos pernilongos aceitando todos os convites de acampamento.

Como se ainda fosse 2009 e discutíssemos seu medo de altura já na fila do tobogã. E o sol fosse mais impiedoso em Porto Seguro. Como se não fossemos grandes para brincar de mimica sobre filmes ou numa simples queda quebrasse o pé. Como se o mundo nos alertasse estarmos diante de uma das melhores fases das nossas vidas e ao mesmo tempo tentávamos fazer o tempo parar.

E aproveitamos sempre, intensamente, como se no fundo soubéssemos sobre a efemeridade das coisas, ainda que a amizade fosse algo feito para durar. Porque foi assim, entre "como uma onda no mar" e "nada do que foi será", que eu também parti. Só que de uma maneira inexplicável, eu permaneci. Talvez eu não seja mais a primeira companhia que vem a sua cabeça quando chega uma sexta feira, talvez morando longe eu tenha perdido um pouco de sua rotina, talvez azul nem seja mais nossa cor favorita, mas com uma tranquilidade agora de que nada irá acabar. Com a certeza de que é um de meus melhores amigos, como se a amizade tivesse alcançado planos tão altos, difíceis de serem quebrados. Como se tivéssemos todo o tempo do mundo e de alguma maneira conseguíssemos sermos jovens para sempre.