Mas há um grande problema que talvez nem todos consigam enxergar. A sensibilidade acaba sendo seletiva. E é possível apontar duas causas.

Primeiro, a mídia, que te bombardeia com um determinado assunto, e esquece e apaga outros. Ela tenta insistentemente nos manipular a crer que uma causa é sim de maior importância que outra. Atualmente com a internet a gente diminui o poder das grandes empresas de comunicação, mas não estamos totalmente livres delas. Nenhum político ou TV/Revista, que é beneficiada diretamente ou indiretamente pela empresa responsável pela tragédia em Mariana irá se posicionar contra essa tragédia, ou se falar, irá abordar sutilmente o caso, sem dar a devida importância diante uma tragédia de tamanha proporção. A vale, que financiou campanhas políticas de diversos partidos, será julgada por aqueles que ajudou a se elegerem.

O segundo motivo, e talvez mais triste. Somos uma sociedade preconceituosa. Branco europeu assassinado em restaurante choca mais que preto pobre assassinado em comunidades. Somente em um dia, 147 quenianos foram mortos dentro de uma universidade também por um gurpo radical islâmico (1). Todos eram também inocentes e o fato não se tornou capa de nenhuma revista, nenhum país declarou luto, nenhum monumento histórico foi colorido com as cores do Quenia. Além do caso de Mariana/ Bento Rodrigues (MG), na mesma semana dos ataques em Paris, tivemos uma chacina no Ceará com 11 mortos (2). Mas quando um pobre negro morre, uma grande e infeliz parte da sociedade levianamente levanta para questionar: "Será que não merecia? Será que não era ladrão?". Tanto a chacina de Osasco (3), quanto a chacina no Ceará a maioria dos mortos não tinham nem passagem pela polícia, e os que tinham era por falta de pagamento de pensão ou problema no transito. Mas ainda há quem insiste em gritar que "devia ser tudo bandido". 

Você pode, pode sim se sensibilizar com qualquer causa e inúmeras ao mesmo tempo. Mas também pode começar a se questionar o porquê disso. 

Sinceramente, quanto vale uma vida?