Friday, July 08, 2016

#NãoVaiTerGolpe




Estamos diante de um acontecimento histórico no Brasil e fico de verdade assustado com o posicionamento de algumas pessoas. Respeito o seu direito de se posicionar em qualquer lado nessa situação, mas reduzir políticos e partidos a mocinhos e bandidos é demais. E por favor, parem também de nos reduzir. 

A onda agora é encontrar razão para alguém ser contra o impeachment. Se é artista é lLi Rouanet, se é pobre é bolsa família, se é bem de vida é corrupto, se não se encaixa em nada disso é petralha. Permita que as pessoas tenham um olhar mais amplo dessa história do que carregar no peito um discurso vazio de "acabar com tudo isso que está ai". 

E para os que ainda se questionam o porquê de ser contra o impeachment deixo aqui o porquê EU também penso assim. 

Antes de tudo a resposta é sim! Quem votou em Dilma sabia que votava em Temer como vice. Infelizmente sabemos que o meio político precisa de alianças e é impossível votar em apenas um candidato, temos que votar na chapa. Obviamente todos sabiam do risco de Teme assumir caso alguma tragédia acontecesse com Dilma, mas tragédias não incluem armar um circo para tirar a presidenta. 

Segundo, tirar uma presidenta sem crime é golpe sim. Não vamos discutir se tem base legal para isso, pois quase a totalidade das pessoas aqui não são juristas e nem tem conhecimento suficiente para discutir isso. Há muita discordância entre renomados juristas e só iremos repetir aquilo que diz os que nos convêm. Mas o que podemos discutir é que as tais pedaladas nunca foram e nem estão sendo motivo pra impeachment de ninguém, a não ser Dilma. Isso a gente consegue discutir. Tanto que Lula e FHC já fizeram, Temer assinou na ausência de Dilma (e QUATRO pedidos de impeachment contra ele foram arquivados) e 16 dos atuais governadores fizeram. Ou seja... o problema não são as pedaladas. 

E nem venham me falar que estão querendo acabar com a corrupção, pois Dilma não teve seu nome envolvido em nenhum momento em nenhum caso e o PT nem é o partido com mais envolvidos. Se for pra sustentar argumentos como: "Vão dizer que ela não sabia?" use para todos inclusive para o caso do irmão do Bolsonaro. Então sejamos sinceros. A questão aqui é muito mais política. As pessoas realmente que estão tentando tirar Dilma (não estou falando de você que foi na manifestação, mas de quem organizou tudo isso, FIESP, PMDB, PSDB, MBL, etc) fazem isso porque não aceitaram a derrota das eleições e discordam da forma de governar dela. Discordar é válido e importante. Mas isso não é motivo para tirar um governo sem que seja por eleições.

E por isso que muita gente chama o que está acontecendo de GOLPE. Você pode discordar, mas todos os principais meios de comunicação do MUNDO chamam de GOLPE ou criticam o que está havendo no Brasil. Forbes, New York Times, The Guardian, Al Jazeera. 

Por fim, não duvido da SUA intenção de acabar com a corrupção. Mas não se iluda. Se Dilma cair, ainda que VOCÊ queira fazer manifesto contra Temer/Cunha, não será tão fácil. Porque a Veja não vai divulgar hora e local, a globo não vai fazer reportagens difamando massivamente eles para incitar a população, a FIESP não vai pagar camisas, trio elétrico, nem investir 11 milhões em divulgação, o Alckmin não vai liberar as catracas do metrô e a PM não vai tirar selfie com você. As mesmas pessoas que foram as ruas não irão se levantar para nada e eles terão maioria na câmara para deixar tudo como está. E ai teremos um governo que vai agir totalmente o oposto do que a MAIORIA da população escolheu. De terceirização do trabalho até da não obrigatoriedade dos direitos trabalhistas, há inúmeras pautas já defendida por esse "novo" governo e que FOGE do interesse da maioria. (Sim, maioria nas urnas representa maioria da população). 

Então se você acha que um processo de impeachment comandado por um cara envolvido em todos os casos de corrupção do momento e que só de inicio quando viu que o PT se posicionou favorável ao processo dele é no intuito de "acabar com a corrupção", eu só passo lamentar. 

Não vai ter golpe!

(Vinícius D'Ávila)