Sunday, August 13, 2006

Felizes Para Sempre?




"(...) E eles viveram felizes para sempre (...)" [Contos de Fadas]

Mais difícil do que encontrar a felicidade, que é facilmente encontrada em todos os finais de novelas e histórias infantis, é encontrar este “para sempre”. Sempre me questionei o tempo determinado do sempre? Ou melhor, será que é só até aparecer outro caso emocionante na vida da mocinha? Isso mesmo, pois se a vida do Príncipe e da Cinderela tiver sido a mesmice após ela ter calçado o sapatinho, era melhor ela não ter nem calçado. Pois até Cinderela perde o encanto se só comer arroz e feijão todos os dias.
Vocês entendem o que eu digo?
Viver é ter problemas, é ter medos, é ter alegrias, é ser único. Mas voltando ao assunto do “para sempre”, é difícil compreender esse termo, pois se tem algo que eu realmente acredito é na finitude. Embora positivamente pensando, todo fim é um começo, mesmo que esse fim seja o nosso, então acreditamos realmente num “para sempre”, por estarmos presos nesse ciclo de recomeço.
O final de uma linda história de amor, poder ser o começo de uma nova e até mesmo mais bela historia. O segredo é se esse tempo todo vai valer mesmo a pena.

A vida passa mais rápido do que imaginamos. O tempo passa mais voraz do que imaginamos. E quanto mais velho ficamos, mais este tempo parece passar mais rápido. Não digo de mudanças numéricas, pois um minuto pode até durar os mesmos sessenta segundos, mas eles vão se tornando valiosos com o tempo, por eu saber que amanhã terei menos que hoje. Isso se o amanha chegar.
Às vezes chegamos a pensar que tudo dura pra sempre, e quando percebemos estamos dando vida a música de Cassia Eller dizendo com o rosto cheio de lágrimas que o pra sempre, sempre acaba.
É engraçado como torcemos pra terminarmos a vida escolar, pra nunca mais fazermos provas ou termos que assistir as velhas e chatas aulas de filosofia, mas em menos de um mês após formarmos já sentimos falta até da falta de conforto das cadeiras da sala.
Por isso cada momento tem que ser vivido como se fosse não apenas o último momento, mas o único. Sem ficarmos esperando as pessoas irem embora de vez para nos despedirmos de verdade.
A vida é assim, como um corredor, por onde as pessoas entram e saem com tanta facilidade, que às vezes nos perdemos no meio dessas “portas da vida”. A vida é feita disso, de encontros e desencontros, chegadas e despedias. Pessoas saem das nossas vidas, para darem espaços a outras e fatos são esquecidos para serem guardados outros.
Esses dias encontrei uma ex-colega minha, na porta de uma sorveteria. Havia um bom tempo que não nos víamos. Quando a reencontrei, percebi que havia sentido falta dela - apesar de não ter notado - mesmo que nós nunca tenhamos sido muito próximos ou conversado muito. Ela me fez lembrar tantos momentos, e sentir falta de tanta coisa, que naquele momento eu percebi que saudade era algo muito maior do que eu havia aprendido em aulas de português.
E antes que eu me esqueça disso e de outros fatos, resolvi escrever um blog, mas não apenas sobre o que se passa na minha vida, mas sobre o que se passa em minha mente, concretizando todas histórias de amor, guardando a sete chaves toda história que seria esquecida, para que de alguma forma eu desaprendesse a esquecer. Afinal, infinidade pode realmente não existir, mas podemos prolongar um pouco mais, após surgir à palavra fim. (Vinícius D'Ávila)