Friday, September 14, 2007

Estranha infelicidade





Era para estar se divertindo na festa, mas se perdeu intencionalmente dos amigos e começou a refletir.
Havia acordado com uma sensação estranha. Um gosto amargo na boca. Mas de certa forma nem estava o incomodando tanto. Estava se acostumando. Era uma inquietação, agonia, infelicidade. Não sei se existe uma palavra que descrevesse aquela sensação. A cara de tédio era realmente perceptível e o rosto marcado entregava que havia chorado durante a noite. De onde vinha aquela infelicidade?
Pela pessoa mais sonhadora que ele conheceu que também riu de seus sonhos
Pelos beijos secos e abraços vazios
Pelos planos desfeitos
Por aquela tosse que não parava nunca
Porque talvez ele também fosse corrosivo
Porque aquilo que tanto lhe agradava, hoje em dia era insuportável
Porque ele sabia que a dor era intensa, mas mesmo assim ele deixou que doesse
Porque ele queria que chovesse para sair gritando

Talvez ele queria que cada um sentisse um pouco daquilo que ele tanto sentia
Talvez por estar também enlouquecendo

Sentou-se perto da fogueira, havia se perdido dos amigos, assim como a graça daquela festa. Ele desejou estar dentro dela.
Ela chegou do nada e ele ficou por alguns segundos tentando descobrir de onde ela havia saído e como num passe de mágica sorriu pra ele. Aquela menina que há tempos, havia visto de longe, mas nunca havia trocado conversa, surgiu. No fundo, ele sabia que era porque havia desejado intensamente. A tal da lei da atração. Tudo que desejar intensamente, acabava acontecendo. E a presença dela fez com cessasse a busca de entender porque estava triste. Ingênuo, e aquilo que revelaram como, ele já sabia a muito tempo. (Vinícius D'Ávila)