Monday, November 19, 2007

Cidade Fantasma


Aquela cidade estava pequena demais para os sonhos dele. Pois, apesar dali reunir todos os que ele amava, era preciso ir embora. O que lhe fazia querer ficar, era o que lhe causava querer partir. 
Não suportava a idéia de que em qualquer lugar que fosse teria alguém que o conhecesse.
Não suportaria morar em um lugar de desconhecidos.
Contraditório.
Talvez o objetivo fosse fazer com que todos sentissem saudades. Então partiu. Então voltou.
O tempo que ele passou fora é indeterminado, mas digamos que foi tempo suficiente.
As coisas não estavam mais no seus lugares e era como se as pessoas não o reconhecesse. Não porque haviam esquecido seu nome, mas os cumprimentos não eram da mesma maneira. As paredes haviam sido pintadas de novas cores e já haviam perdido o cheiro. Há uma linha muito fina que separa saudade de esquecimento. E aquele tempo foi suficiente pra isso.
Os abraços não possuíam a mesma força e nem os sorrisos a mesma sinceridade. Ele esperou por horas na mesa do café, mas seus antigos amigos simplesmente não iam mais ali. Partiu se achando grande demais para viver alí, voltou se sentindo pequeno.
Foi então, que já em casa, ajeitando as coisas deixadas no velho guarda roupa, concluiu.
Antes eram maiores que ele, mas agora todos os seus sonhos cabiam dentro de um caixinha.
(Vinícius D'ávila)