Wednesday, November 14, 2007

Colecionador de Histórias Tristes




É que naquele ano fez mais calor e por mais tempo. É que naquele ano ou o sol parecia incomodar mais ou havia se esquecido como o calor poderia simplesmente ser insuportável. A chuva que já deveria ter chegado e não chegou dava a sensação que seria verão a vida inteira.
Não era só o clima que estava diferente. Ele também estava mais paciente de uma maneira que esperaria passar todo aquele verão sem reclamar do sol. E não era por falta de problemas. E o que fazer com tantos problemas a serem resolvidos? Uma tarde de piscina poderia até parecer loucura, mas louco era o menor problema que ele poderia vir a ter.
Cada mergulho o fazia lembrar de mais um amor que não deu certo. Da esperança que depositou em todos eles. Dos desabafos que insistia em escrever. Da maneira como se tornava repetitivo. Se as pessoas compreendessem que ele matou todas as princesas em contos que escrevia porque não conhecia a sensação de um final feliz, entenderiam que um final diferente não era uma opção.
Ao menos hoje tentaria um final feliz sobre a história de um menino apaixonado por piscinas. Só hoje as princesas teriam paz.
Um último mergulho fez despertar um desejo. Desejo que o fôlego acabasse antes da vontade de sair da piscina. Era impossível se afogar, mas impossível mesmo era não pensar no último amor. E de fato, se fossem olhar de perto, veria que não era paciência, era acomodação.
Talvez nem estivesse tão calor assim, era só uma desculpa pra se sentir mais atraído pela água. Talvez suas histórias só eram infelizes, porque ele permitia que assim fosse. Foi um dos conselhos que ouviu. Amor que não nasce não dói e não se ouve um não quando não se pergunta nada. Mesmo que suas atitudes anulassem as chances de um sim, decidiu cumprir a promessa de seu primeiro final feliz. Não era covardia, era amor. E quando chegasse a hora do beijo, seria melhor dar um abraço, pois somente sendo amigos eternizaría aquele sentimento.
(Vinícius D'Ávila)


Obs.: Só precisava compartilhar com vocês que a pessoa que me inspirou esse texto foi com que namorei por 2 anos, meses depois de ter a certeza que nunca seriamos nada um para o outro. O destino age por nós.