Wednesday, January 09, 2008

Não Era Amor




Não era amor. Definitivamente não era.

O filme havia sido bom. Não era o que eles esperavam, mas foi uma historia interessante. A maneira como ele tocava as mãos dela fazia com que aquelas pessoas cinzas se tornassem levemente coloridas. E eles davam risadas, mesmo não sendo uma comédia que assistiam. Riam de si mesmo. Sentados agora naquele restaurante observavam mais detalhadamente a beleza que o escuro do cinema escondia. Transformavam qualquer assunto tedioso em conversas de botas batidas. Entre uma tragada e outra ela ainda lembrava daquele que amou. Entre um gole e outro ele lembrava daquela que partiu. Eles já haviam experimentado o amor, mas não possuíam muitas boas lembranças. Preferiam andar agora se escondendo do sol.
Ela possui tudo que ele procurava em alguém. Ele também.
Ele era inteligente e responsável, era visível o seu futuro promissor. Além do sorriso que a encantava. Preocupava-se com os sentimentos dela e tocava em sua mão com tanto cuidado que a fazia não sentir medo.
Ela era bem-humorada e se entendiam tão intimamente e riam ininterruptamente que pareciam duas crianças em visita ao shopping numa manha de natal.
Conseguiam se comunicar pelo sorriso tão bem quanto por palavras.
Gostavam de filmes, livros e músicas. Eles se destacavam naquele mar cinza, mas não se amavam. Um não sonhava com o outro durante a noite. Não entendiam. Ele se sentia confuso. Ela se sentia burra.
Mas estavam cansados, daquela forma talvez fosse mais tranqüilo.
Eles então se beijaram.
Assim escolheram viver.
Aquilo não era amor. Definitivamente não era.
Era praticidade. (Vinícius D'Ávila)