Monday, February 11, 2008

Lenda Urbana



Um dia li sobre a confusão de uma amiga devido uma dor de barriga e confesso que dei umas boas risadas com o sofrimento dela.
Só não sabia que o próximo seria eu. Ela deve feito algum feitiço, sei lá, não entendo direito essas coisas. Algo do tipo ... “aquele que primeiro ler este texto, sofrerá mais.” Uma espécie de lenda urbana.
Então me desculpem pelas minhas próximas palavras, apenas estou passando para frente.

Estava eu em um dos bares mais movimentados da cidade, em um dos dias mais cheios, na hora mais tumultuada, quando não sei se foi a calabresa ou o ovo que balançou de forma diferente dentro de mim, fazendo minha cor facial mudar para levemente verde. Enquanto meu cérebro e barriga discutiam se dava ou não dava tempo de segurar eu pensava numa tortura para quem havia preparado o meu sanduíche. O certo é que eu nunca saberia realmente o que teria sido responsável.
Eu precisava me distrair. Tentei reparar num casal próximo. Talvez isso ajudaria. Olhei na forma como a mulher cruzava as pernas ou que segurava o copo. Gosto de observar as pessoas. E o rosto? Acho que minha vontade estava tão grande que ela também fazia cara de querer ir ao banheiro. Era agora. Era a hora.
Senti como se a bolsa tivesse estourado. Dei um sorriso sem graça e me levantei antes que o “crime” fosse cometido ali mesmo.
Ainda teria que passar na frente da banda.
E enquanto eu atravessava o bar durante o “...tô me sentindo muito sozinho...”, sentia que havia uma placa de “to indo cagar” em cima de mim. No final do “porque você não cola em mim...” eu já estava dentro do banheiro. LOTADO. Mas mesmo tendo apenas uma cabine, ela estava vazia. Há pessoas que acham interessante conversar no banheiro. Então entrei rapidamente e tentei travar a porta, mas quanto mais eu puxava de um lado a porta abria do outro. (Sim! A porta é difícil de ser compreendida até mesmo pessoalmente, será que tentaram fazer uma porta chique? Tomei raiva também do criador da porta.) Com uma mão segurava a porta “chique” enquanto tentava me equilibrar para seguir um dos mais preciosos conselhos de minha mãe: “Nunca se encostar em vasos sanitários públicos.” E quanto menos barulho eu tentava fazer, mais barulho eu fazia. Era impressionante.
Droga! Esqueci de conferir se havia papel. Não queria ter que me desfazer da minha cueca. Mas sacrifícios as vezes são necessários. Fiz umas duas promessas antes de conferir, mas sim! Havia papel, pouco, mas havia! Quando sai da cabine não havia mais ninguém no banheiro. Acho que nem se eu tivesse gritado “Incêndio” teria esvaziado tão rápido.
Me olhava no espelho aliviado, ainda não acreditando que havia sobrevivido, quando entra o segurança(creio eu que estava armado) para conferir o local. Ele deve ter achado estranho tantas pessoas terem saído rápido do banheiro. Pois eu fiz cara de “eu estava urinando e tenho sinusite” e sai.
Ainda nem tinha me sentado direito quando senti novamente a pontada e voltei ficar verde que poderiam até me chamar de Huck. Dessa vez antes de sair avisei um amigo da mesa e repeti o mesmo ritual, trocando o papel higiênico por guardanapos.
Pois foi quando eu pensei que o pior já teria passado e principalmente que as meninas da mesa não tinham desconfiado, que meu caro amigo grita pra mim sarcasticamente: “Não tinha papel?”
Imediatamente eu mudei minha cara de “Juro que não estava no banheiro” para “Como matar alguém nessa distancia?” E eu que achava que ninguém desconfiaria do sumiço dos guardanapos.



Moral da História I: Não importa quão hábil e ágil você é, alguém vai te sacanear.

Moral da História II: Pior que uma dor de barriga. São duas dores de barriga.


(Vinícius D`Ávila)