Thursday, February 14, 2008

Prazer, Bobo da Corte



Pra época em que tudo ocorreu, a história se espalhou muito rápido. O bobo da corte estava apaixonado. Muitos no reino pareciam nem acreditar. Mas era verdade. Tudo nele estava diferente, apesar de serem as mesmas roupas e a mesma maquiagem. Alguns o julgaram! Não era essa a função do bobo. Outros apenas passaram a achar mais graça daquilo que normalmente já era engraçado. Mas o fato que mais espantava a todos é a princesa por quem ele se apaixonou. Iludido.
Alguns soldados do reino flagraram os dois, parecia que não era mesmo só boato. Ela não era a mais bela de todas as princesas, mas era uma das mais bonitas daquele reino. O ar de mistério do caso alimentava ainda mais a curiosidade daquele povo. O rei a principio que queria proibir, se despreocupou. A princesa daria sozinha a punição correta. Muitos dos príncipes daquele reino já haviam se apaixonado por ela. Não sabiam se era por maldade oi ingenuidade, mas ela gostava de fingir que amava. Mas ninguém naquele reino poderia julgar a princesa. Em aspecto de amor somos quase sempre todos culpados.
Agora estavam ali. O bobo e uma amiga da princesa presos em uma das torres do castelo. Por engano um dos soldados os trancaram ali. O bobo só queria mostrar a ela como as estrelas brilhavam diferente vistas daquele local. E agora estava condenada a ouvir o desabafo de um bobo com aquele mar negro diante dos olhos. Pois a escuridão não os deixava ver nada. Ele confessou das noite que não dormiu e dos sonhos que teve mesmo acordado. A amiga da princesa apenas sentiu pena. O bobo também era observador sabia que não teria chances, os príncipes mais interessantes foram dispensados. A amiga percebeu que o bobo era realmente diferente dos outros, não só pelas roupas que usava. Mas ele nem imaginava conhecê-la, estava feliz pelos momentos que teve.
As palavras da amiga o trouxeram pra realidade, mas ele desejou que ela estivesse enganada.
A princesa nunca iria amá-lo.
Ao abrir a porta notava-se a maquiagem do bobo borrada. Provavelmente ele havia chorado a noite, mas ela preferiu não comentar.
E assim as piadas do bobo foram perdendo a graça. E novamente o rei não se preocupou. Dizia que rapidamente ele voltaria a sorrir e ser feliz com o sempre foi.
Bobos. Estúpidos.
Sempre o viram sorrindo, mas nunca o viram feliz.
(Vinícius D'Ávila)