Monday, March 09, 2009

De Juba



O sol estava quente e minha paciencia havia se esgotado vinte passos depois da última árvore. Foi divertido encontrar alguém que compartilhava de sonhos quase tão confusos e impossíveis quanto os meus. O estranho era ver um leão, andar, sonhar e dizer que havia vindo de tão longe só por causa de promessas que havia escutado. E o mais estranho era ele falar que lhe faltava coragem.

Ele disse que acreditava naquele caminho de tijolos amarelos e que no fim dele ganharia o que sonhava. O problema era que ele não sabia o que sonhava. Mudou três vezes de planos e duas vezes de amor, só no último mês.

E por não saber o que queria, pediu coragem. Coragem para fazer o que fosse preciso. Porque o que ele realmente queria (ou achava que queria) era entrar pra historia, ficar marcado. Já que teria que morrer como todos, queria poder viver diferente. Queria ser citado em histórias e ter seu nome em ruas. Queria tudo que pudesse sonhar e não queria que uma juba o atrapalhasse.

Confesso que por alguns segundos duvidei da lucidez daquele jovem. Ele não media a conseqüência de suas palavras e as histórias que me contava pareciam histórias de uma pessoa que não se preocupava com nada. Mas não é que lhe faltava bondade, lhe sobrava impulsividade.

Eu preferi deixá-lo continuar caminhando sozinho. Me falou de um novo amor que havia surgido e da sua vontade e necessidade de buscá-lo. E eu fiquei assustado como era mesmo verdade a rapidez que ele mudava de planos.

Eu queria avisá-lo, que não era coragem que lhe faltava, era determinação. Afinal, ele estava ali, acreditando que tijolos amarelos realizavam sonhos, coragem deveria já ter. Mas eu não disse. Disse apenas para tentar me mandar noticias e caso encontrasse um homem de lata e um espantalho falante com desejos a serem feitos mandar meu abraço.

O principal era ele entender que o importante não é entrar pra história e ser conhecido por todos. Já que no fim sempre todos se esquecem. O principal é ser tão importante para uma pessoa, entrar na vida dela, para assim jamais ser esquecido. (Vinícius D'Ávila)